Por: Bianca de Albuquerque:
O Rio das Pedras é margeado pelos rios Cascão,
Saboeiro, Cachoeirinha e Pituaçu. Sua foz é no bairro da Boca do Rio, cujo nome, segundo Luiz Eduardo Dórea, autor do livro “História de Salvador nos nomes das suas ruas”, foi originado devido a este fenômeno hídrico.
Em
junho de 2009, a prefeitura deu início às obras de canalização do Rio das
Pedras, e anunciou as obras no canal da Vasco da Gama. A fim de evitar o descumprimento das normas ambientais, o Ministério
Público do Estado da Bahia determinou ao Instituto de Gestão das Águas e Clima
(Ingá) que não emitisse nenhuma autorização à Prefeitura de Salvador para o
encapsulamento de qualquer canal na cidade, a começar pelas obras do Rio das
Pedras.
Obras no canal do Rio das Pedras, Imbuí
No entanto, não houve fidelidade às leis Estadual 10.432/06 e Federal
9.433/97, por não apresentarem estudos hidrológicos e de viabilidade ambiental
que justificassem o projeto. O professor doutor
Lafayette Dantas Luz, do departamento de Engenharia Ambiental da UFBA, explica
que esse tipo de urbanização pode provocar, dentre outros fatores, a perda de
benefícios ambientais que o próprio rio produz, como condução com as águas
subterrâneas, dificuldade e custos mais altos de manutenção e limpeza, além de
consequências hidráulicas de transferência dos alagamentos para outros locais.
“A galeria fechada, criada com a cobertura dos rios, cria ambiente não
ventilado, quente, úmido e sem presença de luz. Isso propicia o desenvolvimento
de comunidades de animais e insetos indesejáveis, tais quais ratos e mosquitos.
A tudo isso se soma o aprisionamento de gases. Em outro
aspecto, a cobertura impedirá que espécies que podem compor a paisagem urbana,
como pássaros e peixes, se beneficiem das águas”, cita o professor.
O fechamento deste canal aumenta ainda a temperatura dos
bairros Imbuí, Cabula, Stiep, Costa Azul, Boca do Rio, dentre outros. A
Secretaria Municipal dos Transportes e Infra-Estrutura (Setin) alega que tal
obra foi fruto de reivindicações da população, preocupada com alagamentos,
doenças e outros transtornos.
Fontes: SANTOS, E. Caminho das Águas em Salvador: Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes;
http://www.creaba.org.br/Artigo/300/Recursos-hidricos--Rios-sufocados.aspx
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